Imagem: Carnaval, de Heitor dos Prazeres.
*Por Mauro Cordeiro e Vinícius Natal Sambar é pensar. É Produzir conhecimento. É contestação política. É ver no bailado dos pés sincopados o reposicionamento do mundo sob um olhar particular de conexão ancestral. Fio invisível. Atlântico negro de batuques, festas e dor. É reflexão sobre o mundo e sobre si. É enxergar em outro sua própria alteridade. É problematizar as contradições de ser e de não ser. É uma expressão das formas de vida, relações, crenças, valores e laços comunitários dos seus sujeitos produtores, negros e negras da diáspora africana no Brasil. É potência. É lamento e memória. É luta e vitória. É um discurso sobre (e para) o Brasil. É o chão da favela suburbana. É o concreto armado da zona sul. O sabor da feijoada. O limiar do exótico e da autenticidade. É o nosso “pedaço” de onde, aquilombados, recriamos o mundo. É a formulação de ideias e experiências vividas, em sociedade, por intelectuais que elaboram reflexões sobre as suas relações com pessoas, coisas e lugares. É a maneira em que os maneios do corpo se entrelaçam. É a comida. É o céu. É a roda. É o literato clássico de gabinete. É o pensador do barraco de zinco. É a fricção das classes. É a construção de nacionalidade.
Completude que não se completa.
Quebra-cabeça de mil peças. Sempre há de faltar uma…
Pensamento social do samba é isso tudo, que é muito e pouco.
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